Nosso oásis
cravado no meio do chapadão agreste é motivo de ter aumentado tanto o fluxo
turístico na região, nos últimos anos, devido a sua geografia.
Um abatimento?
Houve um
rompimento na abóbada?
Sim...!
Alguma
caverna, por certo, que tempos geológicos construíram muito bem fundo da terra.
Partira, chupando o lençol artesiano e aflorando o oásis verde...
É LAGOA FEIA!...
Está situada a quinze quilômetros
da sede da cidade. Estrada de terra batida
A LENDA:
Há séculos passado era um
buritizal, formando um capão cerrado,
numa circunferência de seiscentos metros de diâmetro.
Bem alto, muito alto, o coqueiral nivelava as frondes, numa reverência ao mais alongado dos irmãos que se
lhe emparelhavam o porte.
Era uma palmeira esbelta,
aprumada como um fuso, com seu olho
pontiagudos enrolado numa aspiral de pára-raios, verde. Nele, não as faíscas das tempestades, mas as araras
coloridas se agarravam ao raiar do dia,
tagarelas como vozes pré-humanas, lembrando criaturas loquazes, que houvessem
existido no começo dos tempos.
Por baixo, bem no centro do
buritizal mergulhava um filete de água que bem poderíamos chamar de uma lágrima
grossa, enorme, escorrendo do chapadão agreste, monótono, tristonho.
Foi essa mesma lágrima que se
fez poço, furou o chão ao pé da
palmeira, alargou-se tanto que forçou o
encaixe de uma estiva de achas de aroeira
para aprisionamento do líquido.
Nas imediações vivia
“Tia” Mariana, com suas aves, seus porquinhos e suas vacas e seu vaqueiro.
Numa manhã, quando o sol vinha nascendo quente feito
fogo, o vaqueiro, Cavalgando o seu campeiro, ia-se aproximando do poço do buritizeiro.
De repente, inopinadamente, sentiu uma tonteira mergulhante. Não como de outras
feitas. O chão, desta vez, não lhe rodava em torno: era o buritizeiro
que ia se afundando, vagarosamente, com lentidão, assombrosamente, pântano
adentro.
-Tonteira? –Meu Deus!! – Estou morrendo e
me sepultando ao mesmo tempo.
A palmeira foi desaparecendo, sumindo, e com
elas as outras, o capão inteiro. Os Fetos. As samambaias. As araras, as maracanãs, tudo, de roldão., num balé
catalítico, ruidosamente tragado.
Um imenso espelho liquido,
gigantesco, sobrenadou então, semi-oval, oscilante, tremendo.
Um estrondo. Um trovão. E a
vereda se desmoronou.
Alguma caverna, por certo, que os tempos geológicos construíram muito
bem fundo da terra, partira a sua abóbada, chupando o lençol artesiano,
emergindo este e submergindo o oásis
verde, anfiteatro da orquestra da passarada..
Todo mundo em derredor, o
cerrado, o vaqueiro com seu cavalo, as vaquinhas que apascentava, as nuvens
grossas, pesadas, lá em cima, tudo, tudo, refletia-se agora fantasmagoricamente
na face polida e tranqüila das águas.
O vaqueiro, perplexo, pasmado,
vencido, retorna à sua choupana e exclama:
-Tia!- O poço do buritizeiro
virou uma Lagoa Feia...
ARQUIVOS DE UBIRAJARA MACEDO.
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