sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

LENDA: CHORA MENINO









IMAGEM FONTE: Robert. Dez argumentos para não abolir a escravidão. Disponivel em: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=681. 10 de maio de 2010. Acessado em: 11/01/2013.


CHORA MENINO

    Centenas de anos se passaram, continua lá, na encosta do morro, a noroeste da cidade, hoje totalmente traçado por ruas, é o desenvolvimento.
    Ontem um pântano, hoje uma lagoa, represando os ais de uma tragédia do nosso passado. Foi entupido o canal por onde era escoada a água do pântano. Não existem mais, a gameleira nem os lírios que exalavam o seu perfume, lembrando a morte de um inocente.
     Brotava água das raízes de uma gameleira gigante, borbulhava e corria uns cinqüenta metros e desaparecer nas encostas do morro junto a uma imensa pedra, penetrando terra adentro, até os corredores de uma gruta que existe sob o morro.
       Nos arredores, morava uma família abastada, com vários escravos, feitores e o pessoal da casa grande, que trabalhava, ali, na produção de farinha de mandioca, rapadura e aguardente de cana, a cachaça.
            
      
A importância do papel do escravo de ganho para uma nova abordagem da escravidão. Disponível em: http://fabiopestanaramos.blogspot.com.br/2010/12/importancia-do-papel-do-escravo-de.html. Acessado em: 11/01/2013.



 Lá estava também, uma “mulatinha” , dengosa, e sapeca, com sua cor negra, mas bronzeada pelo sol, lembrando os versos do Rei Salomão, “Sou assim, porque o sol mudou minha cor”.
               Chamego do sinhor, sempre os encontros às escondidas, longe dos olhos maldosos daquela gente, que poderiam tudo contar a sinhá, senhora de índole impecável, não aceitava tramóia para o seu lado, católica,e seguidora fiel, não aceitaria tamanha traição do marido. Mas, já andava meio desconfiada dos dois. Ficou a vigiar.
            A mulatinha engordava a olhos vistos, desconfiada, traz a moça para dentro de casa. Nasce o rebento...
            Moreninho de olhos azuis, dito e feito, gritos de ódios e histerias, toma a criança nos braços, com passadas largas para avistar alguém, vai em direção do pântano, com um ríspido olhar de ódio, atira o recém-nascido dentro daquele atoleiro sem fim.
            Os anos passam, e, até hoje, em noites de lua, se você passar por lá, prestar muita atenção, ainda ouvirá, uma voz suave e trêmula da escrava mãe a cantar:


            Chora, chora meu menino
            Filho de escrava e sinhor
            A sinhá por vingança
            No pântano o afogou.

            Não chora meu filho
            Irei te olhar
            A sinhá é malvada
            Não deixa te buscar.  


Texto extraído do livro de Ubirajara Alves Macedo.      


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